Stranger Things 2 | Crítica
- John Willer
- 6 de nov. de 2017
- 6 min de leitura

Após um longo e interminável ano de ansiedade, finalmente estreou a segunda temporada que os fãs estranhos tanto queriam, e nela temos toda a nostalgia, humor e suspense que já esperávamos, mas com uma nova pegada.
A segunda temporada de Stranger Things se passa aproximadamente um ano após os acontecimentos da primeira, onde Will continua conectado e atormentado por flashes do Mundo Invertido, enquanto Joyce tenta seguir sua vida namorando o Bob, um antigo amigo nerd do seu tempo de escola. Temos um Hopper que procura manter a ordem na cidade de Hawkins encobrindo os fatos dos eventos passados como parte de um acordo com o laboratório.
A série se inicia em ritmo lento, temos mais diálogos afiados nessa temporada e um pouco menos de ação como na anterior e isso não é ruim, ao contrário, pois essa temporada serve como um desenvolvimento dos personagens, que ao todo são 13 principais, coisa que não era muito clara na primeira temporada e nessa já foi bem evidenciado. Também notamos a ampliação da trama para a vida pessoal e familiar dos personagens, tornando-a mais profunda e mudando um pouco a fórmula corriqueira da temporada anterior onde a história se focava mais na Eleven e os garotos, quase deixando de lado o restante da cidade, trazendo mais de personagens como a divertida mãe de Dustin, e a icônica irmã de Lucas.
Novo Antagonista
Nessa temporada temos algo diferente, um antagonista maior, não apenas em tamanho, mas em profundidade na trama, pois ele é o mal que quer assolar toda Hawkins e talvez até o mundo. O interessante é que esse Antagonista não é apenas um inimigo físico, pois ele cria um aura de medo psicológico quando aos poucos vai demostrando sua grandiosidade, é aí que percebemos uma certa influência de H.P Lovecraft na série, podemos até comparar o Devorador de mente (nome dado a criatura) ao tão famoso Cthullu e Will ao seu mensageiro como parte direta com a criatura.
Um vilão humano
Também tivemos adição de novos personagens na trama, que de primeira vista pareceram desnecessários mas, ao longo da temporada demonstraram ser importantes para o desenvolvimento pessoal dos demais personagens, e um que vale se notar é o vilão Bill Hargrove (Dacre Montgomery) que parece ser inspirado nos clássicos vilões de Stephen King que não são assassinos, mas talvez num acesso de ira indo longe de mais se tornem um, ou seja, um ser humano no limite, e isso sempre provém de problemas internos quase sempre com o pai. Ele também é bad boy saradão, com um muscle car imponente sempre ouvindo rock e disputando para ser o melhor em tudo.
Mad Max
Essa foi uma das adições que inicialmente se pareceu dispensável, mas logo se tornou importante e até queridinha para alguns (como foi no meu caso). Irmã de Bill, a ruivinha com sardas de gênio forte Maxine Mayfield (Sadie Sink), Max (ou Mad Max para os íntimos), fez-se importante por ser um ponto de equilíbrio entre as personalidades dos garotos, e também por despertar uma disputa amigável entre Lucas e Justin pelo seu coração. Max foi bem aceita pelo público e seu desenvolvimento como personagem foi agradável, coisa que é difícil em uma serie de peso que já possui personagens tão amados.
Mike Emo
Nesta temporada, temos um Mike mais afastado e meio revoltado com a vida, para ele nada é mais o mesmo sem a Eleven, tudo aquilo ali tornou-se meio fútil, e ele carrega como sequela dos eventos passados a falta de Eleven, até porque ele foi o primeiro a ter contato e o único a ter um vínculo sentimental mais profundo com ela, ele sofre com a falta do seu primeiro amor (quem nunca?) e o único com o qual se identifica é Will, pois ambos ainda não deixaram o passado de lado, ambos ainda estão presos àquilo e o mundo invertido ainda faz parte deles, mas de forma diferente. Will – O Espião
Will dessa vez está mais presente, coisa que só aconteceu no final da temporada anterior. Mas o mundo invertido ainda o atormenta, mas dessa vez ele sente algo maior, uma força que lhe causa medo sem ao menos saber do que se trata e ao longo da temporada é revelado que ele faz parte disso, ele é uma espécie de mensageiro que além de ter mente compartilhada com a criatura já não sendo mais confiável a ponto de ser parcialmente possuído pela criatura, sua interpretação foi espetacular. É ele o único que consegue fazer uma ligação emocional com Mike.
Pai e Filha
Eleven está de volta na trama, ela logo e apresentada inicialmente escondida de todos (nem os garotos sabem da sua existência) em uma cabana na floresta aos cuidados do xerife Jim Hopper (David Harbour) que tenta estabelecer uma conexão com ela, cuidando dela, educando e a protegendo, assim estabelecendo meio que uma ligação entre pai e filha entre os dois. Percebemos que Hopper faz isso sem interesse nenhum, talvez ele a veja como uma forma de substituir a filha, mas essa ligação e abalada no momento em que onze nota que ele mente para ela na intenção de proteger. Mas é tocante ver a relação entre os dois, você percebe o respeito, e relação de pai e filha estabelecida firmemente entre ambos, mesmo com a briga e a fuga de onze. Jane
Sabemos já quem é Eleven, mas uma dúvida que ainda pairava e quem a e garotinha por trás da El? Sua história antes do laboratório? E isso tudo nos foi revelado em uma jornada pessoal da personagem, descobrindo sobre sua mãe e sua irmã Kali (Linnea Berthesen) apresentada como a “8”, o episódio que conta sobre as duas foi considerado por muitos como filler, mas na verdade ele tem sim sua importância pois Kali foi como um Yoda preparando Eleven que nessa jornada se descobre como “Jane” para o grande final. É quase um spin-off dentro do prequel. Triangulo amoroso
O fato de que Nancy Wheeler (Natalia Dyer) deveria ficar com Jonathan Byers (Charlie Heaton) era explicito desde a primeira temporada contanto que nessa segunda aconteceu em grande estilo, mas com o desenvolvimento de um Steve Harrington (Joe Keery) mais maduro muitos acharam que talvez isso não seja o certo, mas nada foi dado como certo até com sentido de deixar essa questão em aberto para a próxima temporada. Conta comigo
Falando em Steve, devemos citar o início de um talvez “Bromance” entre Steve e Dunstin pois percebemos uma proximidade entre ambos que carregam um fardo de coração partido e Steve parece querer cuidar Dustin e prepará-lo para a adolescência, e Dustin vê Steve como alguém a se inspirar e estranhamente os dois formam uma boa dupla na trama. Justiça para Barb
Em uma Jornada paralela ao enredo principal, Jonathan e Nancy saem em uma procura por justiça à falecida Barbara Holland (Shanon Purser). É interessante ver esse lado da série em que nenhum inocente é deixado de lado, mas ao mesmo tempo senti falta da interação dos dois em relação ao mundo invertido, o que foi totalmente diferente na primeira temporada. E foi interessante pois nessa jornada foi esclarecida a importância da adição de Murray Bauman (Brett Gelman) que é uma representação clara dos suspenses paranoicos políticos dos anos 70, com aquele ar de investigador fracassado foi de certa forma um alivio cômico dessa jornada paralela.
Clube áudiovisual
Nessa temporada temos o famoso clube audiovisual que é uma fuga para os garotos, e onde fazem sua reuniões e etc... mas logo percebemos que o clube é mais que isso, e sim a representação de todos nerds e desajustados, seria como um tributo a eles e descobrimos que é mais antigo que isso, quando descobrimos que ele foi fundado por Bob Newby (Sean Astin), que teve um triste morte, e foi uma perda marcante na série, logo ele que representava de certa forma uma figura paterna para Will.
De forma geral, a segunda temporada da série repete o ótimo trabalho apresentado em seu primeiro ano, fechando um ciclo. No fim dessa segunda temporada, vimos a Eleven fechando o portal para o mundo invertido. Logo, acreditamos que esse seja um problema temporariamente solucionado. A terceira temporada da série tem previsão de lançamento para o ano de 2019.
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